Cuidados com a saúde
Nem tão inofensivos assim ao ser humano
Fungos presentes em fezes de pombos, uma ave comum na área urbana, podem acarretar pelo menos três tipos de doenças às pessoas
(Foto: Paulo Rossi - DP)
Os pombos compõem a arquitetura da maioria dos prédios no Centro Histórico de Pelotas e são simpatizados por diversas pessoas que circulam pelas praças, como a Coronel Pedro Osório, que os recebem com grãos e outros alimentos. Porém, o contato com locais onde habitam essas aves deve receber cuidado. Isso porque o acúmulo de suas fezes pode transmitir doenças aos humanos.
A médica veterinária Renata Osório de Faria, que também é professora da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), trabalhou sobre as características de pombos e uma das graves doenças que podem causar, a criptococose. A pesquisa da especialista demonstrou que as pessoas mais propensas à infecção são imunodeprimidas (HIV positivo, transplantadas, entre outros casos). “Mas se a carga fúngica for muito alta pode contaminar não só pessoas com doenças imunológicas”, alerta.
Eles vivem em áreas onde há restos de alimentos, como sementes e grãos, além de insetos e minhocas. Nas zonas urbanas, estão em todos os lugares - são atraídos pela quantidade de lixo, que também serve de alimento para pombos famintos. “Em geral, onde tem abrigo e alimentação abundantes eles ficam. São em locais iluminados pela luz solar”, explica. Além dos prédios históricos, Renata encontrou, durante a pesquisa, pombos em igrejas e engenhos de arroz.
Atualmente, a situação mais alarmante sobre a presença dessas aves é na estrutura onde funcionava a Secretaria de Finanças, também no entorno da Coronel Pedro Osório. O interior do prédio, que já reuniu o Legislativo pelotense, hoje é moradia de pombos e outros animais. Há ninhos e fezes espalhados pelos três pavimentos da edificação histórica.
Renata orienta que ao limpar os locais com concentração de excretas de pombos - como é o caso do prédio antigo - é recomendado usar material protetivo, como máscara, luvas e óculos. “É indicado também molhar o local com desinfetante ao entrar, pois assim remove a poeira das fezes, que é o que contamina. Tem que ter cuidado ao atrair os pombos pra perto”, complementa a médica veterinária. A proteção faz parte do ritual para não atrair as doenças transmitidas por eles.
Doenças
(Foto: Paulo Rossi - DP)
-A inalação do vírus atinge diretamente o pulmão, portanto, é alta a probabilidade de contrair doenças relacionadas. De acordo com Renata, há risco de outros órgãos também serem afetados. Os pombos também podem transportar alguns micro-organismos nas penas. Por causa disso, têm potencial de transmitir dermatites caso entrem em contato com seres humanos. Além de causarem coceira e infecções, as dermatites podem se transformar em alergias que afetam o sistema respiratório.
- A criptococose - doença pesquisada pela médica veterinária - é a principal transmitida pelos pombos. Ela que contamina as pessoas através da inalação de fungos presentes nas fezes do animal. Ela ataca o pulmão e pode chegar também ao sistema nervoso central, ocasionando sintomas como dor de cabeça, sonolência e febre. Em alguns casos, pode causar até meningite. Cerca de 30% das pessoas infectadas morrem.
- Outra doença comum é a histoplasmose - que também é transmitida pelos fungos das fezes dos pombos. A doença origina uma micose muito profunda que chega a afetar os órgãos internos do ser humano.
- A salmonelose, outra doença ligada aos pombos, apresenta os sintomas de uma intoxicação alimentar - principalmente, de carne contaminada. Ela causa diarreia e outras dores abdominais.
Características dos pombos urbanos
(Foto: Paulo Rossi - DP)
- Estes, com tom acinzentado - que você vê em Pelotas se chamam Columba Livia e são originários das regiões do leste europeu e norte da África. Foram trazidos ao Brasil como animais de estimação ou aves domésticas.
- Apresentam olhos com visão extremamente desenvolvida, esses ocupam a maior parte da cabeça de forma de lente biconvexa. A visão colorida é ótima, com glândulas lacrimais, pálpebras e membrana nictitante.
- O esqueleto é todo adaptado para o voo, os ossos são pneumáticos e não apresentam medula, são ocos e preenchidos por ar, apresenta grande mobilidade do pescoço. O tórax ósseo protege os órgãos internos e serve de apoio rígido para o voo (ligeira expansão e contração).
- Os músculos do voo compreendem significativa fração do peso do corpo para as aves que voam muito, representam 45% do peso do corpo do pombo. Os músculos da perna são bem desenvolvidos para empoleirar.
- O aparelho digestivo é simples, como uma adaptação visando à redução do peso. O bico é córneo e a língua pequena. Apresenta uma dilatação do esôfago chamada de papo. O estômago é proventrículo e moela. O proventrículo produz enzimas digestivas. A moela é de paredes musculares grossas e luz estreita. A cavidade geralmente contém pedras ingeridas que ajudam na trituração do alimento.
- O aparelho respiratório é considerado como o mais avançado dos vertebrados, em função das grandes quantidades de oxigênio para a atividade do voo. A traqueia bastante longa e as narinas abrem-se na base do bico. Seus pulmões são muito pequenos e o volume muda muito pouco devido à rigidez do tórax, porém os sacos aéreos comprimem-se bastante.
Fonte: Controle de Pragas
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